Capítulo 3 - O Retorno é o Movimento do Caminho


O FIO DA MEADA
O I Ching do Caminho do Céu
1997
Janine Milward

Capítulo III



O Retorno é o Movimento do Caminho

Janine Milward


O Rio Amarelo
O Oito do Sol, O Revirão do Universo, O Ponto de Mutação,
O Oito interior e o Oito exterior
O Yin e o Yang formando a Mandala do Tai Chi, O Mundo da Manifestação
O Oito do Sol e os Solstícios: Céu e Terra assumem as posições
de Norte e Sul, Inverno e Verão


O Mundo da Não-Manifestação ou Céu Anterior é aquele que existe sim, apenas que subjetivamente, invisivelmente, espiritualmente... advindo do Tao. É esse Mundo que dá estruturação ao Mundo da Manifestação ou Céu Posterior, ou seja, o mundo visível, objetivado, materializado.

Muito antigamente, antes do antes, cerca de cinco a seis mil anos atrás, na China, os sábios da antigüidade que olhavam o céu cuidadosamente durante o dia e durante a noite, perceberam a imagem do Oito do Sol.... E a transpuseram, assim como sempre o homem fez com a sincronicidade e os arquétipos e símbolos, para imajar as orientações básicas e primordiais entre o céu e a terra. Era o Rio Amarelo e tudo aquilo que a partir dele pudesse ser apreendido, compreendido. Chamava-se Rio por causa de sua forma sinuosa e Amarelo por ser a cor que vemos o Sol!

Vamos desenhar então o número 8, assim, bem grande.
8

Inicialmente, podemos perceber que a figura do 8 não tem começo nem fim.... Isso é o que podemos nomear de Eterno Retorno, de Revirão do Universo, de Oito Interior e Oito Exterior... de Rio Amarelo.... Durante milênios, sábios, pesquisadores, poetas, filósofos, psicanalistas, cientistas, pensadores, artistas, religiosos, espiritualistas, todos, todos, vêm discursando profundamente sobre a figura do 8 que simboliza a Eternidade, a Infinitude..... bem como a própria forma do universo, semelhante a uma pêra, a um oito....

Os antigos sábios chineses capturaram a mensagem arquetípica do Eterno Retorno e do Revirão do Universo, quando representaram o 8 como a imagem do enlace eterno do Mundo da Não-Manifestação, chamado de Wu Chi e do Mundo da Manifestação, chamado de Tai Chi. Na verdade, os números formam a estrutura fundamental do universo.

Voltando ao nosso desenho, fecharemos nosso Oito do Universo já dualizado entre a Luz e a Não-Luz, entre o Criativo e o Vazio, entre o Yang e o Yin..... Encontraremos a Mandala do Tai Chi.

A imagem do Oito do Sol transformou-se na imagem do Revirão do Universo, o símbolo do Tai Chi, a representação do Mundo da Manifestação através do enlace eterno entre a Luz e a Não-Luz, entre o Yang Supremo e o Yin Supremo Manifestados.


Sempre que o Yang chega á sua potência máxima, dá lugar ao Yin. E vice-versa.

Isso acontece com o próprio Oito do Sol: quando o sol chega ao limite do seu andamento, no solstício, ele faz o seu retorno, ele retorna para realizar seu trajeto em direção ao limite oposto! Desde sempre, em nosso sistema solar, o sol pode ser visto da Terra percorrendo o aparente caminho entre o inverno e o verão, verão e inverno, inverno e verão, verão e inverno ....



O retorno é o movimento do Caminho (1)


O inverno é um tempo de Vazio, de dormência, de Não-Luz, de frio, de maior escuridão: a noite é mais longa que o dia, em muitos lugares a neve cai e o sol desaparece durante semanas e semanas.... Assim, podemos pensar que quando o sol atinge o limite máximo de seu caminho, no solstício de inverno, é o momento da supremacia do Yin, do Sublime Yin, que é simbolizado como a Mãe, como o Receptivo, como a Não-Luz, como o ventre, como a Terra.

O verão, por outro lado, é um tempo de Criação, de vida, de Luz, de calor, de menor escuridão: o dia é mais longo do que a noite, o sol permanece no céu durante semanas e semanas. Assim, podemos pensar que quando o sol atinge o limite máximo de seu caminho, no solstício de verão, é o momento da supremacia do Yang, do Sublime Yang, que é simbolizado como o Pai, como o Criativo, como a Luz, como o Céu.

O Caminho do Céu e da Terra está simbolizado, então, no oito do Revirão do Sol. De um lado, o lado do verão, temos Ch´íen, o Céu, o Criativo, o Yang Supremo e Sublime, o Pai, A Luz... De outro lado, o lado do inverno, temos K´un, A Terra, o Receptivo, O Yin Supremo e Sublime, A Não-Luz, o Vazio, o Abranger, A Mãe.

O traçado do Oito do Sol nos leva à indução, à intuição e apreensão do arquétipo do Eterno Retorno, do Revirão do Universo, do eterno enlace entre o Mundo da Não-Manifestação e o Mundo da Manifestação – O Rio Amarelo -, bem como, bastante concretamente, nos apresenta as chamadas Estações principais do ano do Planeta Terra, ou seja, o inverno e o verão.....

.................. (a continuidade deste Capítulo encontra-se em O Fio da Meada original, Primeiro Volume)..................

O Bambú

O Bambú
O bambú verga... dificilmente quebra: assim devemos nos conduzir